No próximo domingo, a população francesa, assim como de outros países europeus, encara uma nova mudança em seus relógios, com a entrada em vigor do horário de inverno. Os franceses vão atrasar os ponteiros em uma hora, o que fará com que o fuso em relação ao Brasil passe de cinco para quatro horas. Isso porque nós, brasileiros não teremos horário de verão, pois se tivéssemos, as duas mudanças combinadas resultariam em uma diferença de fuso de apenas três horas.
Números à parte, a mudança de horário, ou changement d’heure em francês, é um recurso do qual muitos países se valem para diminuir a necessidade de iluminação artificial ao entardecer e com isso promover a economia de energia elétrica.
O Brasil adotou a mudança pela primeira vez em 1931, mas interrompeu a prática por muitos períodos até retomá-la definitivamente entre 1985 e 2018/2019. Foi suspensa este ano, por se considerar que os ganhos em termos de consumo de energia já não são tão expressivos para justificar a mudança na rotina de milhões de pessoas.
A eficiência energética da medida é hoje discutível, mas o fato é que ajustar os relógios em uma hora para mais ou para menos mexe com o cotidiano de pessoas, com a organização de serviços públicos e muito mais. E na França não é diferente. O país adotou pela primeira vez esse procedimento em 1917, sustentando-o até o final da Segunda Guerra, quando o descompasso entre os horários da França livre com os da França ocupada (alinhada aos horários da Alemanha) causou transtornos ao cronograma do sistema de trens, tornando as baldeações um caos. Assim, o horário de verão foi abandonado pelo Governo provisório no início do pós-guerra, em 1945.
Porém, em 1973, a primeira crise do petróleo levou o governo francês a pensar novamente em políticas de economia de energia. Trazer de volta o horário de verão foi uma escolha unânime para reduzir o consumo de eletricidade para iluminação. Assim, o changement d’heure foi retomado oficialmente em 1974. Nos últimos vinte anos a passagem para o horário de inverno (l’heure d’hiver) tem ocorrido no último domingo de outubro — como acontece agora — e a passagem para o horário de verão no último domingo de março.
Mas isso não quer dizer que todos estejam satisfeitos em atrasar e adiantar relógios duas vezes ao ano. Embora o país disponha de um calendário da mudança de horário que se estende até 2033, a Comissão de Assuntos Europeus lançou uma consulta pública online este ano, a qual revelou que 83,71 % dos europeus desejam ver extinta a mudança de horário e, caso isso realmente ocorra, 59% prefeririam permanecer no horário de verão.
Sabia?
Foi em uma publicação no Journal de Paris (primeiro jornal francês diário) que Benjamin Franklin sugeriu, em 1784, a possibilidade de alteração nos relógios visando à redução do consumo de velas para iluminação artificial. A ideia só voltou à tona, no entanto, em 1907, quando o britânico William Willet começou uma campanha contra ao desperdício de energia. A Alemanha foi o primeiro país a aderir, em abril de 1916, seguida pelo Reino Unido, em maio, e pela França, em junho do mesmo ano.
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