Cultura, França

Goncourt, premiando o novo na literatura

No início de novembro foi anunciado o vencedor do Prix Goncourt 2018, o mais cobiçado prêmio da literatura francesa. O ganhador foi Nicolas Mathieu (foto acima), com o romance “Leurs enfants après eux”, ainda sem tradução em português, mas cujo título seria algo próximo de “Os filhos (vêm) depois deles”.

O prêmio tem hoje o valor simbólico de 10 euros, mas além de proporcionar grande visibilidade ao seu ganhador, repercute imediatamente no aumento de tiragem e nas vendas da obra reconhecida: o título vencedor tem praticamente garantida a comercialização de cerca de 300 mil exemplares.

Como toda premiação, o Goncourt é controverso e sujeito a julgamentos do tipo “mas não foi justo”, “tinha coisa melhor” e por aí vai. Afinal, grandes nomes da literatura de língua francesa, como Albert Camus (prêmio Nobel em 1957) e Marguerite Yourcenar (primeira mulher eleita à Academia Francesa de Letras, em 1980), não estão entre os 33 agraciados até hoje.

Mas o fato é que o Goncourt é o mais badalado dentre os mais de 2.000 prêmios literários existentes hoje na França, o que faz de l’Hexagone o país que mais premia autores, nas mais diversas categorias.

Normalmente atribuído a romances, ele surgiu na virada do século XIX, mais precisamente em 1903, época de grande efervescência cultural e intelectual. Isso tudo após a morte do escritor Edmond de Goncourt, romancista que deixou um conjunto de obras escritas, em parte, com seu irmão, Jules de Goncourt.

Juntos, os irmãos Goncourt trabalharam para manter viva na Paris da virada do século XIX – em que circulavam nomes como Gustave Flaubert, Émile Zola e Guy de Montpassant – a tradição dos salões literários que eram bastante comuns no século anterior e que fizeram da cidade uma capital cultural. Jules morreu em 1870 e pelos 26 anos seguintes foi Edmond quem levou a cabo essa tarefa de “animador cultural” da cena literária parisienne, até a sua morte, em 1896.

Um testamento deixado por Edmond para o amigo e também escritor Alphonse Daudet transferiu para este a responsabilidade pela continuação da ação cultural dos dois irmãos, ato que alguns anos mais tarde resultou na criação da Sociedade Literária (1902) e do Prêmio Goncourt (1903).

Desde então foram reconhecidos nomes como Marcel Proust, Simone de Beauvoir, Marguerite Duras e tantos outros premiados.

A Academia Goncourt é composta por dez membros vitalícios, obrigatoriamente autores de língua francesa, escolhidos pelos demais integrantes, após a morte ou saída de um destes. Nem é preciso dizer que Alphonse Daudet foi o primeiro presidente da instituição, hoje conduzida pelo jornalista literário e escritor lyonnais Bernard Claude Pivot, cuja série de programas televisivos Apostrophes, reunindo mais de 400 entrevistas com autores de diversas origens pode ser encontrada na plataforma Babelio.

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Publicado por Hellen Souza

Meu nome é Hellen Souza, sou jornalista e francófila, ou seja, adoro a cultura francesa. Aqui você encontrará informações sobre o que acontece atualmente nesse país que já foi berço de transformações sociais.

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